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Segurança com rentabilidade: como CDB e Tesouro Direto podem proteger seu patrimônio em 2025

O cenário econômico brasileiro tem passado por transformações significativas. Recentemente, o Banco Central elevou a taxa Selic para 14,25% ao ano, conforme decisão tomada em março de 2025. Este movimento impacta diretamente o mercado financeiro e cria oportunidades interessantes para quem busca proteger seu patrimônio sem abrir mão de bons retornos. Nesse contexto, dois investimentos se destacam pela combinação de segurança e rentabilidade: o CDB (Certificado de Depósito Bancário) e o Tesouro Direto. Ambos pertencem à categoria de renda fixa e têm atraído cada vez mais brasileiros. Segundo pesquisa da B3, realizada em agosto de 2024, 43% dos investidores concentravam-se em aplicações de renda fixa, com 94% buscando CDBs e 6% aplicando no Tesouro Direto. Mas afinal, qual deles é mais vantajoso no atual cenário? Como escolher o mais adequado para seus objetivos? Este artigo vai explorar as características de cada um, seus riscos, rentabilidades e como utilizá-los estrategicamente para proteger e aumentar seu patrimônio em tempos de incerteza.

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Entendendo as diferenças: CDB x Tesouro Direto

Antes de tomar qualquer decisão de investimento, é fundamental entender o funcionamento básico de cada instrumento financeiro. Tanto o CDB quanto o Tesouro Direto operam sob uma premissa semelhante: você empresta dinheiro e recebe uma remuneração em troca.

O Certificado de Depósito Bancário (CDB) é um título emitido por bancos. Ao investir em um CDB, você está basicamente emprestando dinheiro para a instituição financeira, que utilizará esses recursos para financiar suas operações, como oferecer crédito a outros clientes. Em troca, o banco se compromete a devolver o valor investido acrescido de juros conforme as condições definidas no momento da aplicação.

Já o Tesouro Direto funciona de maneira semelhante, mas com uma diferença crucial: em vez de emprestar para um banco, você está emprestando dinheiro para o Governo Federal. Esses recursos são utilizados para financiar a dívida pública, ou seja, os projetos e operações governamentais. A garantia, neste caso, vem do Tesouro Nacional.

Quanto à rentabilidade, ambos oferecem opções variadas. No caso do Tesouro Direto, há principalmente três modalidades:

  • Tesouro Selic: rende conforme a taxa Selic, atualmente em 14,25% ao ano
  • Tesouro IPCA+: acompanha a inflação mais uma taxa fixa
  • Tesouro Prefixado: tem um rendimento fixo definido previamente

Os CDBs, por sua vez, podem ser:

  • CDB pré-fixado: com taxa fixa acordada no momento da aplicação
  • CDB pós-fixado: geralmente atrelado ao CDI, que acompanha de perto a taxa Selic
  • CDB híbrido: com parte do rendimento pré-fixado e parte pós-fixado

A liquidez é outro ponto importante. O Tesouro Direto oferece liquidez diária, permitindo resgates a qualquer momento, embora o valor possa variar devido à marcação a mercado. Os CDBs têm condições de liquidez que variam conforme o título – alguns oferecem liquidez diária, enquanto outros só permitem resgate no vencimento ou possuem carência.

Em relação aos custos, o Tesouro Direto cobra uma taxa de custódia da B3 (geralmente 0,20% ao ano para aplicações acima de R$ 10 mil), enquanto os CDBs normalmente não têm taxas diretas para o investidor.

Rentabilidade real: quanto rendem os investimentos na Selic atual

Com a Selic a 14,25% ao ano, os investimentos de renda fixa se tornaram bastante atrativos. Vamos comparar quanto renderia seu dinheiro aplicado em diferentes modalidades:

Para CDBs que pagam 100% do CDI (aproximadamente 14,15% ao ano), R$ 1 milhão se transformaria em R$ 1.116.737,50 líquidos em um ano, já descontado o imposto de renda. Em dois anos, esse valor chegaria a R$ 1.257.568,91, considerando as alíquotas regressivas de IR que variam conforme o prazo do investimento.

Em comparação, LCIs e LCAs que pagam 85% do CDI (equivalentes a um CDB de 100% do CDI em termos líquidos, devido à isenção de IR) renderiam aproximadamente R$ 1.120.275,00 em um ano e R$ 1.255.016,08 em dois anos.

Já o Tesouro Selic, considerando os impostos e a taxa de custódia da B3, teria um rendimento um pouco menor comparado às outras opções.

Para tornar essa comparação mais clara e ajudar você a visualizar o impacto desses rendimentos em diferentes valores de aplicação, observe a tabela abaixo:

InvestimentoValor inicialRendimento em 6 mesesRendimento em 1 anoRendimento em 2 anos
CDB 100% CDIR$ 100.000,00R$ 105.853,75R$ 111.673,75R$ 125.756,89
CDB 110% CDI (banco médio)R$ 100.000,00R$ 108.856,00R$ 115.841,13R$ 134.332,58
LCI/LCA 85% CDIR$ 100.000,00R$ 105.960,00R$ 112.027,50R$ 125.501,61
Tesouro SelicR$ 100.000,00R$ 105.500,00R$ 110.600,00R$ 123.700,00
PoupançaR$ 100.000,00R$ 103.909,00R$ 107.861,50R$ 121.132,00

É importante observar que esses cálculos consideram a manutenção da taxa Selic no patamar atual, o que pode não ocorrer na prática. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne regularmente para definir a taxa básica de juros, que pode ser alterada conforme as condições econômicas.

Além disso, muitos bancos, especialmente os de médio porte, oferecem CDBs com rentabilidade superior a 100% do CDI. Segundo levantamento realizado pela Casa do Investidor, CDBs de bancos médios podem chegar a 110% do CDI, o que significa retornos ainda mais atrativos para o investidor.

Outra questão importante a considerar é a tributação. O imposto de renda sobre investimentos em renda fixa segue uma tabela regressiva: 22,5% para aplicações resgatadas em até 180 dias; 20% para resgates entre 181 e 360 dias; 17,5% para resgates entre 361 e 720 dias; e 15% para resgates após 720 dias. Essa tabela se aplica tanto ao CDB quanto ao Tesouro Direto, mas não às LCIs e LCAs, que são isentas de IR para pessoas físicas.

Riscos e garantias: onde seu dinheiro está mais protegido

Quando falamos de investimentos, é impossível dissociar retorno e risco. Embora tanto CDBs quanto Tesouro Direto sejam considerados investimentos de baixo risco, existem diferenças importantes a considerar.

O Tesouro Direto é amplamente reconhecido como o investimento mais seguro do Brasil, pois conta com a garantia do Tesouro Nacional. A chance de o governo federal não honrar seus compromissos é considerada mínima, o que faz desse investimento a referência em termos de segurança no mercado brasileiro.

Os CDBs, por sua vez, são garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), uma instituição privada que funciona como um seguro para investidores. O FGC garante até R$ 250 mil por CPF por instituição financeira, com limite de R$ 1 milhão a cada 4 anos. Isso significa que, se o banco emissor do CDB enfrentar problemas e não conseguir honrar seus compromissos, o FGC reembolsará o investidor dentro desses limites.

Essa diferença na garantia faz com que o risco dos CDBs varie conforme a instituição emissora. Bancos maiores e mais sólidos tendem a oferecer CDBs com rentabilidade menor, justamente por apresentarem menor risco. Já bancos de médio porte costumam oferecer taxas mais atrativas para compensar o risco ligeiramente maior.

Outro fator a considerar é a marcação a mercado, que afeta principalmente os títulos do Tesouro Direto em caso de resgate antecipado. Se as taxas de juros subirem após a compra do título, seu valor de mercado pode cair, resultando em rendimento menor ou até mesmo prejuízo se o resgate for feito antes do vencimento. Esse risco é menos presente nos CDBs com liquidez diária.

A diversificação entre diferentes emissores de CDBs e diferentes títulos do Tesouro pode ser uma estratégia eficaz para mitigar riscos. Distribuir os investimentos entre várias instituições financeiras ajuda a garantir que todo o patrimônio esteja protegido pelo FGC.

Estratégias práticas: como compor uma carteira equilibrada

Com base nas características e nos riscos discutidos, como tomar a decisão mais adequada para seu perfil e seus objetivos financeiros? Aqui estão algumas estratégias práticas:

Para reserva de emergência, o ideal é priorizar a liquidez e a segurança. O Tesouro Selic é uma excelente opção, assim como CDBs de bancos sólidos com liquidez diária. Embora o rendimento possa ser ligeiramente menor, a possibilidade de resgate imediato em caso de necessidade é fundamental.

Para objetivos de médio prazo (1 a 3 anos), você pode buscar um equilíbrio entre liquidez e rentabilidade. CDBs que pagam acima de 100% do CDI se tornam mais atrativos, especialmente se o prazo do investimento coincidir com o vencimento do título, evitando o resgate antecipado.

Para objetivos de longo prazo (mais de 3 anos), considere títulos como Tesouro IPCA+ ou CDBs com prazos mais longos, que tendem a oferecer rentabilidade maior. A proteção contra a inflação torna-se um fator importante em horizontes mais extensos.

Uma estratégia inteligente é a “escada de CDBs”, que consiste em distribuir seus investimentos em CDBs com vencimentos em diferentes datas. Por exemplo, aplicar em títulos que vencem em 6 meses, 1 ano, 1,5 ano e assim por diante. Isso garante liquidez periódica e permite aproveitar possíveis altas nas taxas de juros.

Quanto à divisão entre CDBs e Tesouro Direto, uma abordagem equilibrada pode ser:

  • 30% em Tesouro Selic para garantir liquidez imediata
  • 40% em CDBs de bancos de primeira linha com rentabilidade próxima a 100% do CDI
  • 30% em CDBs de bancos médios com rentabilidade acima de 105% do CDI, respeitando o limite de garantia do FGC

Lembre-se de que, com a Selic a 14,25%, mesmo os investimentos mais conservadores estão oferecendo retornos atrativos. Isso significa que você não precisa assumir riscos desnecessários para obter bons rendimentos.

Outro ponto importante: ao declarar seus investimentos no Imposto de Renda, tanto o CDB quanto o Tesouro Direto devem ser informados na ficha “Bens e Direitos”, grupo “04 – Aplicações e Investimentos”, código “02 – Títulos públicos e privados sujeitos à tributação”. O imposto sobre os rendimentos é retido na fonte, no momento do resgate, mas isso não elimina a necessidade de declarar os valores investidos.

Em um cenário com a taxa Selic a 14,25% ao ano, tanto o CDB quanto o Tesouro Direto se apresentam como excelentes alternativas para quem busca proteger seu patrimônio sem abrir mão de rentabilidade. A escolha entre eles não precisa ser exclusiva – pelo contrário, a combinação de ambos pode resultar em uma estratégia de investimento mais robusta e equilibrada.

O Tesouro Direto segue sendo o padrão de segurança no mercado brasileiro, com garantia do governo federal e liquidez diária. Os CDBs, por sua vez, podem oferecer rentabilidade superior, especialmente aqueles emitidos por bancos médios, mantendo um bom nível de segurança graças à proteção do FGC.

O importante é alinhar suas escolhas de investimento aos seus objetivos financeiros e ao seu perfil de risco. Para a reserva de emergência, priorize a liquidez. Para objetivos de médio e longo prazo, você pode buscar rendimentos mais atrativos, mesmo que isso signifique menor liquidez imediata.

Em tempos de incerteza econômica, a renda fixa se fortalece como porto seguro para investidores. E com as taxas atuais, é possível obter retornos consistentes sem precisar se expor a riscos elevados. Independentemente da sua escolha, o importante é manter uma estratégia disciplinada e alinhada com seus objetivos de vida.

Fontes e referências:

Banco Central do Brasil, Taxa Selic a 14,25%, março de 2025
B3, Pesquisa sobre perfil de investidores, agosto de 2024
InfoMoney, “Como declarar CDB, RDB e LC no Imposto de Renda 2025”, março de 2025
CNN Brasil, “Selic a 14,25%: quanto rendem R$ 1.000 na poupança, Tesouro Direto ou CDB”, março de 2025
E-Investidor Estadão, “CDB ou Tesouro Direto? Veja qual pode oferecer a melhor rentabilidade”, setembro de 2024
Blog PagBank, “Tesouro Direto ou CDB: qual a melhor opção hoje?”, outubro de 2024

DISCLAIMER: As informações contidas neste artigo são de caráter informativo e educacional, elaboradas por profissional certificado como Assessor de Investimentos pela ANCORD, em conformidade com as normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O conteúdo apresentado reflete análises e opiniões fundamentadas em dados públicos e estudos de mercado, não constituindo oferta, solicitação, sugestão ou recomendação específica de investimento.
Cada investidor deve realizar sua própria análise de risco e consultar seu assessor de investimentos para avaliação personalizada antes de tomar qualquer decisão.
Investimentos envolvem riscos e podem resultar em perdas patrimoniais. Rentabilidade passada não é garantia de resultados futuros. Os investidores devem estar cientes de que qualquer tipo de investimento contém riscos e não há garantia de retorno ou proteção contra perdas.
Este material não substitui o relacionamento cliente-assessor e as recomendações personalizadas que devem ser feitas considerando o perfil de risco, objetivos e situação financeira individual de cada investidor.
Para informações específicas sobre produtos de investimento, consulte seu assessor de investimentos ou a instituição financeira de sua preferência.

Luiz Eduardo Correa Pinto

Assessor de Investimentos Associado na BLUE3 | XP Investimentos, com mais de duas décadas de experiência em liderança comercial e especialização no setor financeiro. Expertise consolidada em soluções de investimentos, planejamento patrimonial e sucessório para pessoas físicas e jurídicas. Sólida trajetória na Indústria de Pagamentos, incluindo POS, API, câmbio e soluções SAAS. Experiência multicultural em negociações complexas e gestão de relacionamentos estratégicos.

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