* Episódio publicado em 26 de dezembro de 2024
Quando pensamos em inflação, geralmente imaginamos um aumento generalizado de preços que afeta a todos igualmente. Porém, existe um fenômeno econômico, pouco conhecido pelo público geral, que revela uma realidade mais complexa: o Efeito Cantillon.
Neste quarto episódio do Schivas Cast, exploramos este conceito fascinante, nomeado em homenagem ao economista Richard Cantillon, que no século XVIII observou que a ordem em que o novo dinheiro entra na economia importa – e muito. Enquanto alguns economistas focam apenas no resultado final da expansão monetária, o Efeito Cantillon nos convida a olhar para o caminho que o dinheiro percorre e como isso cria vencedores e perdedores no processo.
Com exemplos práticos e atuais, como os estímulos econômicos durante a pandemia de COVID-19, Schivas demonstra como a criação e distribuição de novo dinheiro pode, paradoxalmente, ampliar desigualdades em vez de reduzi-las. Compreender este mecanismo é fundamental para analisar criticamente políticas monetárias e seus impactos reais na sociedade.

Agora que entendemos a oferta e a demanda, vamos falar sobre o efeito Cantillon. Imagine uma cidade fictícia onde o valor total de todos os bens, serviços e reservas, como imóveis, ouro e obras de arte, seja de 10 bilhões de unidades monetárias. O governo local decide construir uma nova escola, mas, sem dinheiro disponível, emite uma dívida e cria 3 bilhões de novas unidades monetárias para financiar a obra.
Esse dinheiro recém-criado entra na economia através do empreiteiro responsável pela construção. Ele precisa comprar cimento, areia, tijolos e contratar mão de obra. Como esse dinheiro não existia antes, sua entrada repentina aumenta a demanda por esses insumos de forma abrupta, pressionando os preços para cima. Assim, quem estava construindo uma casa particular, por exemplo, enfrenta um aumento inesperado nos custos, sem ter previsto essa inflação.
Os primeiros a receber o dinheiro recém-criado conseguem comprar bens e serviços antes que os preços subam. No entanto, à medida que esse dinheiro circula na economia, os preços começam a subir, prejudicando aqueles que recebem esse novo dinheiro por último, como trabalhadores que só verão seus salários ajustados posteriormente. Esse fenômeno demonstra que a inflação causada pela expansão monetária não afeta todos da mesma forma.
Um exemplo recente desse efeito foi a política de estímulo econômico durante a pandemia de COVID-19 nos Estados Unidos. O governo distribuiu cheques às famílias, que passaram a consumir mais, especialmente alimentos e bens de consumo. O aumento na demanda fez os preços subirem. No mercado de criptomoedas, observou-se um aumento significativo na compra de Bitcoin, impulsionando sua valorização.
O efeito Cantillon mostra que a criação de dinheiro e sua distribuição desigual na economia podem ampliar a desigualdade em vez de reduzi-la. Aqueles que recebem o dinheiro primeiro se beneficiam, enquanto os últimos a recebê-lo sofrem com a inflação já instalada. Isso explica por que políticas de distribuição de dinheiro, quando não acompanhadas de um aumento proporcional na produção de bens e serviços, podem gerar distorções econômicas e sociais.
Em resumo, a simples injeção de dinheiro na economia não gera riqueza real, apenas redistribui recursos de maneira desigual, beneficiando mais quem já tem acesso a eles do que aqueles que realmente precisam.
Schivas é investidor desde 2006, sobrevivente da crise de 2008 chegando a lucrar com a correção do covid em 2020.
📚💸 Quer saber mais sobre o Efeito Cantillon? Leia estes artigos:
“Quatro gráficos que mostram os efeitos Cantillon” – https://mises.org.br/artigos/3284/quatro-graficos-que-mostram-os-efeitos-cantillon
“O que é o efeito Cantillon – que distribui a inflação de maneira desigual” – https://vocesa.abril.com.br/coluna/guru/o-que-e-o-efeito-cantillon-que-distribui-a-inflacao-de-maneira-desigual
“Cantillon, os ciclos econômicos e a não-neutralidade da moeda” – https://mises.org.br/arti
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